CIPEIRO É PERSEGUIDO E DEMITIDO NA VALE POR AJUSTAR CELULAR NO BOLSO
Carlos Augusto Quintão, conhecido como “Gu”, é técnico de operação de instalações na área de gestão de combustível em Nova Era (MG). Em setembro, foi eleito representante titular dos trabalhadores na CIPA, sendo o cipeiro mais votado entre todos os candidatos da região. Essa importante conquista, no entanto, foi vista como uma ameaça pelo seu supervisor, que deu início a um processo de perseguição que culminou em sua demissão por justa causa
VENDA DE FÉRIAS | A relação começou a se deteriorar quando Carlos se recusou a vender suas férias. Ele sempre optou por dividir o período de descanso em dois, conforme permitido por lei. No entanto, seu supervisor desaprovava essa prática, alegando que a escala de trabalho de 7x5x2, na qual Carlos atua, já oferecia descanso suficiente. Por isso, pressionava os empregados a venderem parte das férias. Carlos manteve sua posição e não cedeu à pressão, o que aumentou o descontentamento do supervisor e agravou o conflito entre ambos.
REPRESÁLIA | Em resposta, o supervisor transferiu Carlos para cobrir as férias de um trabalhador na mina de Brucutu, distante 64,2 km de Nova Era. Ao ser questionado por um colega sobre a transferência punitiva, o supervisor justificou sua ação dizendo que havia decidido transferi-lo porque “se recusou a me fazer um favor” – ou seja, vender as férias.
DESLIGAMENTO | Durante esse período, Gu passou a enfrentar situações cada vez mais desgastantes, até ser acusado de uso indevido do celular no trabalho. Em uma das escalas, o sensor de telemetria do caminhão registrou uma imagem em que ele ajustava o celular no bolso, e a foto foi encaminhada ao supervisor. Pressionado por uma explicação sobre as consequências da imagem, o supervisor desconversou, afirmando que a questão estava nas mãos do “Comitê pela Vida”. Logo depois, comunicou a Gu que ele estava demitido por justa causa.
JUSTA CAUSA | Mesmo após 16 anos de serviços prestados à Vale, com histórico impecável, Carlos foi informado de forma fria e direta que seria demitido por justa causa, sem qualquer chance de defesa. “Infelizmente, pediram seu desligamento e não posso fazer nada”, disse o supervisor. Mais tarde, o gestor revelou o verdadeiro motivo da justa causa: “foi a única forma de te demitir, porque você é da CIPA.” Assim, a proteção legal garantida aos membros da CIPA, que impede demissões arbitrárias, tornou-se um obstáculo para o supervisor, que supostamente forjou a justa causa para burlar a estabilidade de Carlos.
SINDFER | Assim que foi demitido, Gu procurou o Sindfer, que prontamente disponibilizou toda sua estrutura e assistência. O jurídico do Sindicato já atua na ação de reintegração, buscando reverter a demissão injusta. Além disso, as denúncias foram encaminhadas ao RT da empresa. Durante o fechamento desta edição, novas denúncias surgiram sobre o mesmo supervisor, apontando a possibilidade de mais duas demissões de bons profissionais. Esperamos que o setor de RT intervenha para conter essas injustiças.