Notícias

Locomotivas em chamas na EFVM: a pressa é inimiga da manutenção

Com uma produção de minério de 83,6 milhões de toneladas neste segundo trimestre, 4% acima do mesmo período do ano passado, a Vale tem pressa em atender e ampliar o transporte dessa demanda crescente. Com isso, estimula uma cultura perversa de urgência operacional para devolver trens à operação no menor tempo possível, custe o que custar.             

Relatos de trabalhadores escancaram a pressão exercida pela gestão, através da coordenação de PCM (Planejamento e Controle da Manutenção), que induz a flexibilização de critérios essenciais. Um exemplo dessa pressão é a mudança nos planos de manutenção das locomotivas, que faz com que componentes do motor diesel, que antes eram substituídos a cada quatro anos, agora passem por troca apenas a cada sete. Soma-se a isso o reaproveitamento de válvulas de cabeçote sem número de série e sem rastreabilidade, aumentando o risco operacional, pois isso pode levar à quebra de válvulas e potencializar a ocorrência de incêndios em locomotivas.

Nesse contexto, essas denúncias também afirmam o uso de materiais de segunda linha (incluindo peças de motores rejeitadas pela Estrada de Ferro de Carajás) e a exclusão de etapas de manutenção para acelerar a entrega do serviço. A situação piora com a redução de equipes e com trabalhadores pressionados a todo momento, mesmo com tempo reduzido e condições desfavoráveis.

O custo desse descaso recai sobre o corpo e a saúde dos trabalhadores, ameaça comunidades vizinhas à ferrovia, agride o meio ambiente e impõe danos irreparáveis à própria Vale, cuja imagem se deteriora à medida que prioriza a redução de custos a qualquer preço e alimenta a ambição pessoal de gestores que mantêm essa política irresponsável.

AÇÃO DO SINDFER

O Sindfer está encaminhando esse conjunto de denúncias ao RT, solicitando apuração rigorosa dos relatos. Além disso, pediu o agendamento de uma visita à área para dialogar diretamente com os trabalhadores e verificar de perto o que está acontecendo.

“A Vale atravessa um longo e delicado processo de reconstrução de imagem após as tragédias de Mariana e Brumadinho. É inadmissível e inaceitável que a empresa adote práticas operacionais que coloquem esse processo em risco e, pior ainda, comprometam novamente a segurança de trabalhadores, comunidades e do meio ambiente”

Wagner Xavier
PRESIDENTE DO SINDFER

Botão Voltar ao topo