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VALE QUER TERCEIRIZAR CUSTO DE SUA IRRESPONSABILIDADE EM MARIANA E BRUMADINHO PENALIZANDO SEUS EMPREGADOS

Ao afrontar a direção do Sindfer, na última reunião de negociação, com uma proposta rebaixada de ACT Regional que inclui fim do pagamento dos 30 minutos de troca de turno para o pessoal de Tubarão, introdução da prontidão para os novos maquinistas de viagem e compra do horário de refeição da carreira C, a Vale reafirma uma estratégia mesquinha de querer fazer caixa retirando direitos dos empregados para cobrir seu passivo bilionário de R$ 234,5 bi, fruto das indenizações pelos crimes trabalhistas, sociais e ambientais de Mariana (5/11/2015) e Brumadinho (25/01/2019).

O crime de Mariana gerou um acordo de repactuação em torno de R$ 170 bi, enquanto, no caso de Brumadinho, a Vale já desembolsou R$ 48,55 bi de um total de R$ 64,5 bi, incluindo R$ 37,7 bi do acordo de reparação assinado em 2021. A soma desses dois desastres pouco afetou a saúde financeira da Vale ou abalou seu principal objetivo: gerar lucro aos acionistas. Segundo os resultados financeiros publicados em seu site, desde 2020 a Vale lucrou mais de R$ 330 bilhões. Ou seja, R$ 100 bi a mais do valor global de R$ 234,5 bi que terá que arcar por Mariana e Brumadinho (veja gráficos ao lado).

A direção do Sindfer entende que a Vale pretende terceirizar para os trabalhadores e trabalhadoras o custo de sua irresponsabilidade criminosa que resultou no maior desastre ambiental (Mariana) e trabalhista (Brumadinho) do país. Segundo o Sindicato, com essa atitude covarde, a Vale tenta tirar o corpo fora de seus delitos e colocar os empregados no banco dos réus. Mais do que covardia, a Vale age com maldade: ela não precisa reduzir custos nas costas dos trabalhadores para economizar e pagar a fatura dos crimes que  cometeu: seu lucro já banca essa despesa com folga.  

Para o vice-presidente do Sindfer Weslei Scooby, os gordos lucros que empresa tem acumulado continuam acontecendo ano após ano, assim como os dividendos distribuídos aos acionistas. No entanto, reparações pelos crimes que vitimaram centenas de trabalhadores e trabalhadoras, outros tantos brasileiros e seus familiares, bem como o profundo impacto sobre dezenas de municípios e a destruição do meio ambiente continuam com pendências e sofrimento.

“Levando em conta a lógica perversa de uma empresa que lucra independentemente dos crimes que comete com uma gestão desastrada e ainda transfere o custo dessa irresponsabilidade para seus empregados pagarem abrindo mão de seus direitos através de ACT’s rebaixados, não podemos acreditar que o que mantém a lucratividade da Vale seja o sangue dos atingidos, o suor dos trabalhadores e trabalhadoras, o trauma social das comunidades afetadas e a negação da preservação ambiental”, afirma Scooby, que conclui: “A única forma de romper esse ciclo é por meio de multas bilionárias e da punição dos responsáveis. E não na conta dos trabalhadores e trabalhadoras’’.

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