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Pagamento bilionário a acionistas em meio a demissões em massa tensiona relação entre Sindicato e Vale

Um dia após o Conselho de Administração da Vale aprovar, na quinta-feira, dia 10, o pagamento de R$ 12,4 bilhões em dividendos e juros sobre o capital próprio aos acionistas, a planta do Complexo de Tubarão demitiu ao menos 50 empregados. A alegação extraoficial é redução de despesas a qualquer custo. Executivos da mineradora que atuam no Espírito Santo têm reclamado da queda de produção e pedem mais dispensas. A direção do Sindfer, que representa os empregados, já estuda juridicamente formas de se contrapor às demissões.

Para o presidente do Sindfer Wagner Xavier, a Vale está “pagando pra ver a reação da sociedade”. O dirigente repudia a postura da empresa, que neste ano já dispensou centenas de empregados apenas na base territorial representada pelo Sindicato, no Espírito Santo e em Minas Gerais. “Por tudo o que aconteceu recentemente envolvendo o nome e a imagem da Vale, essa empresa tem o compromisso moral e social com a sociedade capixaba e mineira na manutenção de empregos e postos de trabalho. Há um limite ético para o lucro e a Vale tem que entender que nem tudo é resultado financeiro”, disse.

O dirigente lembra que a mineradora registrou lucro de R$ 5,3 bilhões no segundo trimestre deste ano, com efeitos positivos da retomada da demanda chinesa por minério de ferro. E mesmo com a pandemia do novo coronavírus, a empresa fechou o primeiro semestre com lucro acumulado de R$ 6,2 bilhões. “No momento mais difícil para a Vale, no ano passado, os trabalhadores vestiram a camisa e arregaçaram as mangas, com o compromisso de reerguer a empresa, sobretudo resgatar sua imagem, profundamente abalada, principalmente pelo episódio de Brumadinho”. O dirigente lamenta que, passado pouco mais de um ano, os acionistas sejam premiados com dividendos e os trabalhadores injustamente punidos com demissão.

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